Total de visualizações de página

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Feliz Natal

Desejo a todos um Feliz Natal e um ano de 2009 cheio de realizações plenas.
abraços.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008


Artigo: Proposta Curricular Paulista

Algumas Reflexões Sobre a Nova Proposta Curricular do Estado de São Paulo



Paulo Alves de Araújo

Introdução:

A Secretaria de Estado da Educação iniciou o ano letivo de 2008 implantando uma nova proposta curricular nos níveis Ensino Fundamental Ciclo II e Médio, objetivando o desenvolvimento de ações para melhorar a qualidade da aprendizagem dos alunos.
Para desenvolver esse trabalho a Secretaria baseou-se nas experiências práticas acumuladas observando o desenvolvimento de projetos, as publicações e diagnósticos. Para isso tomou duas iniciativas, a primeira foi realizar um amplo levantamento do acervo documental e técnico pedagógico existente e a segunda foi realizar uma grande consulta a rede para identificar, sistematizar e divulgar as práticas de sucesso existentes.
Toda essa herança pedagógica uniu-se ao trabalho de especialistas da educação como Lino Macedo, Guiomar Namo de Mello, Luiz Carlos de Menezes, Ruy Berger e Maria Inês Fini, que conceberam a base teórica da proposta, recebendo o auxilio de diversos especialistas nas três grandes áreas curriculares.
Para ser apresentada a rede essa proposta foi dividida em conjuntos de documentos: o primeiro com as bases da proposta o segundo dirigido aos gestores para orientar a gestão do currículo na escola e um terceiro conjunto dirigido aos professores, contendo orientações para a gestão do currículo na sala de aula.
Fazer uma breve reflexão sobre a implementação desta proposta é o objetivo deste artigo.

Educação Voltada aos desafios do mundo atual

A sociedade atual apresenta-se cada dia mais pautada pelo uso intensivo do conhecimento, acelerado pela tecnologia que se acentuou na segunda metade do século passado. Para muitas pessoas não se concebe mais viver sem a utilização da tecnologia, seja para comprar, vender, informar, relacionar, produzir. Essa situação acabou gerando uma nova forma de exclusão, a tecnológica, tanto que esse tipo de exclusão e a falta de acesso a cultura é considerado tão ou mais grave do que à falta de acesso a bens materiais.
O Brasil vem caminhando junto com essa tendência tecnológica e paralelamente aumentou consideravelmente o acesso à educação, particularmente no Estado de São Paulo. Universalizou-se o Ensino Fundamental e a obtenção de diplomas de níveis Médio e Superior, tornou-se acessível à grande parte da população. Nesse momento pautado pelo uso do conhecimento, o diferencial será então a qualidade da educação recebida. Para que a democratização do acesso à educação tenha uma função realmente inclusiva não é suficiente universalizar a escola. É indispensável à universalização da relevância da aprendizagem.[1]
Essa educação de qualidade só pode ser obtida em escolas comprometidas não somente com o ensino, mas principalmente com a aprendizagem, dando condições para o individuo utilizar os conhecimentos necessários para exercer a cidadania em dimensão mundial.
Aquela educação desenvolvida na chamada “escola de excelência” onde o armazenamento de informações era sinônimo de inteligência, que servia apenas a poucos enquanto a maioria era submetida ao fracasso escolar, e que foi substituída por uma escola de quantidade nos últimos anos, necessita agora investir numa qualidade onde o aluno adquira autonomia para gerenciar a própria aprendizagem (aprender a aprender) e utilizar isso em intervenções na sociedade de forma solidária (aprender a fazer e a conviver), praticas possíveis com um ensino voltado para o desenvolvimento de competências e habilidade.
A proposta também leva em conta “a complexidade da ambiência cultural, das dimensões sociais, econômicas e políticas, a presença maciça de produtos tecnológicos e a multiplicidade de linguagens” e fala que: “apropriar-se ou não desses conhecimentos pode ser um instrumento da ampliação das liberdades ou mais um fator de exclusão.”[2]
Levando em conta esses elementos a Proposta Curricular tem como princípios centrais: Uma escola que aprende, o currículo como espaço de cultura, as competências como eixo de aprendizagem, a prioridade da competência de leitura e escrita, a articulação das competências para aprender e a contextualização no mundo do trabalho.[3]

Uma Escola que também aprende

Trata da escola que aprende a ensinar, desenvolvendo a capacidade de aprender não somente nos alunos, mas em toda a escola como instituição educativa, docentes e gestores também tem que aprender, partindo do principio de que ninguém conhece tudo. Nessa concepção, a proposta coloca aos gestores a responsabilidade de formadores, devendo aplicar com os professores tudo aquilo que recomendam que eles apliquem com seus alunos. Os professores têm que contribuir nas reflexões sobre sua prática e entender que a escola é um espaço precioso de formação em serviço, criando o que a proposta chama de “comunidade aprendente”.

O currículo como espaço de cultura

Descontrói a idéia da associação do conhecimento ao notório saber e de cultura como coisa local, folclórica, diante do fato da informação estar disponível a todo tempo e plenamente alcançável, constituindo uma ferramenta importante para articular teoria e pratica.
Define currículo como expressão de tudo o que existe na cultura cientifica, artística e humanística, transposto para uma situação de aprendizagem e ensino, sendo todas as atividades da escola, curriculares, do contrário não se justificariam no contexto escolar, tal entendimento é essencial para a conexão do currículo a vida.
Na escola onde o currículo é centrado em competências, o conhecimento torna-se um prazer que pode ser aprendido e o professor torna-se um parceiro da promoção do desejo de aprender. Assim, o projeto pedagógico da escola deve ter entre suas prioridades essa cidadania cultural, sendo o currículo uma referência para ampliar, localizar e contextualizar os conhecimentos acumulados pela sociedade ao longo dos tempos.

As competências como referência

Um currículo que promove competências tem o compromisso de articular as disciplinas e as atividades escolares com aquilo que se espera que os alunos aprendam ao longo dos anos.
Esse currículo supõe que se aceite o desafio de desenvolver o conhecimento de cada conteúdo disciplinar articulado às competências e habilidades, preparando o aluno para atuar numa sociedade que muito precisa dele.
Nesse momento em que a criança é submetida desde muito cedo a informação e as praticas adultas e é absorvido cada vez mais tarde pelo mundo do trabalho, a proposta procura realmente levar em conta esse jovem de 11 a 18 anos e o que esse jovem vai aprender e a razão para se optar por uma educação centrada em competências, é exatamente pelo fato de considerar na democratização da escola a acessibilidade a todos, a diversidade e a unidade de resultados.

Prioridade para a competência da leitura e da escrita

As diversas linguagens se multiplicam e são instrumentos para compreensão do complexo mundo em que vivemos mesmo o sistema de produção automatizado requer o domínio de várias linguagens para poder operar máquinas e para compreensão dos conceitos cientifico e tecnológicos. Para acompanhar tal evolução a competência de leitura e escrita é fundamentail, daí a centralidade da proposta curricular na leitura e escrita.

Articulação das competências para aprender

A aprendizagem é o centro da atividade escolar. Por extensão, o professor caracteriza se como um profissional da aprendizagem, e não tanto do ensino.[4]
A LDB 9394/1996, em seus princípios filosóficos substitui a liberdade de ensinar pelo direito de aprender e essa transição da cultura do ensino para a aprendizagem não é individual e essa mudança de foco deve ser assimilada por todos os atores da escola.
O Ensino fundamentado em competências e habilidades visa dar aos alunos as condições para enfrentar e resolver os problemas do mundo real, dando a expressão “educar para a vida”, um sentido nobre e mais próximo da verdade.
Para o desenvolvimento dessas pratica a escola adota como competências as preconizadas no ENEM, transcritas A seguir:
I. “Dominar a norma culta da Língua Português e fazer uso das linguagens matemática, artística e científica.”

II. “Construir e aplicar conceitos das várias áreas do conhecimento para a compreensão de fenômenos naturais, de processos histórico-geográficos, da produção tecnológica e das manifestações artísticas.”

IV. “Relacionar informações, representadas em diferentes formas, e conhecimentos disponíveis em situações concretas, para construir argumentação consistente.”

V. “Recorrer aos conhecimentos desenvolvidos na escola para elaborar propostas de intervenção solidária na realidade, respeitando os valores humanos e considerando a diversidade sociocultural.”[5]

Articulação com o mundo do trabalho

A prioridade do trabalho na educação assume o sentido de valor, que imprime importância ao trabalho e o respeito que lhe é devido na sociedade e como tema que se apresenta em todo o currículo escolar e dá sentido ao conhecimento das disciplinas.
Ao fazer a abordagem a LDB “a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores”, propondo uma articulação entre a formação geral e os currículos de formação profissional e na educação básica supõe-se que a abordagem não seja apenas propedêutica e também não somente voltada para o vestibular.

Algumas considerações sobre a Implementação da Proposta

Observando a implementação da proposta curricular na E.E. Vicente Barbosa, onde atuo como Coordenador Pedagógico e em algumas Unidades da Diretoria de Ensino de Araçatuba, percebemos inicialmente um ansiedade grande por parte dos professores e uma angustia por parte de outros, mas no geral a proposta está caminhando em todas as escolas e as medidas complementares que Secretaria da Educação do Estado de São Paulo vem tomando para garantir os recursos necessários, vem surtindo efeitos e servindo como sinalizador de que a equipe que coordena os trabalhos em nível de rede está muito bem articulada e segura do que está fazendo.
Para implementação da proposta, a secretaria dividiu a coordenação da escola em Ensino Fundamental e Médio, colocando profissionais distintos para atual como líder e animador na gestão do currículo na escola, além disso, os professores tiveram momento de planejamento exclusivamente para entender a nova proposta e receberam cadernos com orientações norteadoras para uma boa gestão do currículo na sala de aula. Outras medidas foram tomadas como a criação de projetos de recuperação e reforço para todos os alunos que não estiverem acompanhando a proposta, apoio curricular para alunos de 3º ano e capacitação em serviço para professores, além de avaliações internas bimestrais e o SARESP no final do ano. Todos os resultados poderão ser observados no IDESP, um qualificador criado pela Secretária de Estado da Educação, que estabelece metas onde as escolas poderão comparar seus rendimentos com elas mesmas.
Considerações Finais:
Diante dessas explanações sobre uma proposta que esta ainda em fase inicial de implementação, é possível considerar que ela se fez necessária, pois durante todo o período em que a escola teve uma “falsa autonomia” para fazer seu próprio currículo, ela não usou esse poder e acabou por criar uma visão bastante negativa por parte da sociedade, visão que se pode notar em várias publicações de jornais e revistas de grande circulação.
O fato é que a Nova Proposta ao aproveitar todo o acervo pedagógico da própria Secretária da Educação, não pede nada novo, mais olha com maior capricho para a educação básica, e para o local onde tudo acontece que é a sala de aula.
Importante observar uma afirmação da própria Proposta: “Que só é possível sua execução com a participação comprometida dos professores.”


Bibliografia

Proposta Curricular do Estado de São Paulo, São Paulo,SEE, 2008.




[1] Proposta Curricular do Estado de São Paulo 2008.
[2] Proposta Curricular do Estado de São Paulo 2008.

[3] idem.

[4] Proposta Curricular do Estado de São Paulo.
[5] Referencial Teórico do ENEM-MEC.Citado na Proposta Curricular do Estado de São Paulo.