Coisa
boa era viajar no trem de passageiros. Só de pensar que alguém poderia sair da
capital de São Paulo e seguir até a Bolívia, já parece estimulante. Mas
imaginem então, quem viveu essa viagem. Tinha vagões de segunda, onde os bancos
eram de madeira. Nos vagões de primeira os bancos eram estofados e
reclináveis. Nas viagens mais curtas era
comum viajar de segunda, mas correr para a primeira logo no arranque do trem.
Outra esperteza certeira era esconder no banheiro, quando passava o cobrador.
Para quem tinha uma graninha, ofereciam uma espécie de "apartamentos”,
vagões com cama, onde se poderia dormir apesar dos sacolejos. Nos vagões era
interessante, que logo no primeiro sono, passava o cara do
restaurante:"chafé , chafé". Era um Garçom que usava um grande pano
na barriga. Vendia de tudo, bolachas, refrigerantes, cerveja, café, balas e
biscoitos. Além disso tinha o restaurante onde se podia almoçar e jantar. Tinha
banheiros, masculino e feminino em todos os vagões. Nas paradas era uma festa,
em todas as estações, parecia um Shopping Center, gente de todos os tipos, as garotas
se arrumavam para ver o trem passar. Eram paqueras mútuas, que pena naquela
época, não se tinha Watsapp, imaginem falar o endereço pela janela do trem, o
interessante que as cartinhas chegavam. Muitos namoros começaram assim. Dentro
do trem tinha a liberdade de andar para lá e para cá, isso era uma
diversão. Dependendo da viagem, eram
mais de 30 horas, tempo suficiente para conversar, paquerar e até iniciar um
romance. Muitas vezes viajei nesse trem, ia até Campo Grande e fazia a
baldeação, destino Itamaraty, onde morava meu irmão Oded. Que saudade daquele
trem, belas paisagens, desde serras, cerrado, pantanal. O chamado " trem
da morte". Na verdade, levava para a vida, a bela vida presente, no
pantanal mato-grossense.
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