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quinta-feira, 21 de setembro de 2023

 

" Trem da Vida"

Coisa boa era viajar no trem de passageiros. Só de pensar que alguém poderia sair da capital de São Paulo e seguir até a Bolívia, já parece estimulante. Mas imaginem então, quem viveu essa viagem. Tinha vagões de segunda, onde os bancos eram de madeira. Nos vagões de primeira os bancos eram estofados e reclináveis.  Nas viagens mais curtas era comum viajar de segunda, mas correr para a primeira logo no arranque do trem. Outra esperteza certeira era esconder no banheiro, quando passava o cobrador. Para quem tinha uma graninha, ofereciam uma espécie de "apartamentos”, vagões com cama, onde se poderia dormir apesar dos sacolejos. Nos vagões era interessante, que logo no primeiro sono, passava o cara do restaurante:"chafé , chafé". Era um Garçom que usava um grande pano na barriga. Vendia de tudo, bolachas, refrigerantes, cerveja, café, balas e biscoitos. Além disso tinha o restaurante onde se podia almoçar e jantar. Tinha banheiros, masculino e feminino em todos os vagões. Nas paradas era uma festa, em todas as estações, parecia um Shopping Center, gente de todos os tipos, as garotas se arrumavam para ver o trem passar. Eram paqueras mútuas, que pena naquela época, não se tinha Watsapp, imaginem falar o endereço pela janela do trem, o interessante que as cartinhas chegavam. Muitos namoros começaram assim. Dentro do trem tinha a liberdade de andar para lá e para cá, isso era uma diversão.  Dependendo da viagem, eram mais de 30 horas, tempo suficiente para conversar, paquerar e até iniciar um romance. Muitas vezes viajei nesse trem, ia até Campo Grande e fazia a baldeação, destino Itamaraty, onde morava meu irmão Oded. Que saudade daquele trem, belas paisagens, desde serras, cerrado, pantanal. O chamado " trem da morte". Na verdade, levava para a vida, a bela vida presente, no pantanal mato-grossense.

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